1 de out. de 2010

Rugby na terra do Tio Sam - por Rafaela Kelly

O RdC vai começar a contar um pouquinho de histórias de garotas que vivenciam o rugby longe do seu país. Aqui vamos conhecer o nosso esporte lá fora na visão de quem vive uma outra realidade.

E hoje vamos começar por Rafaela Kelly, ou Kel, minha companheira do Recife Rugby Club. Kel está fazendo intercâmbio nos Estados Unidos desde o início do ano e como uma boa jogadora de rugby não poderia deixar de procurar um clube para treinar. E assim fez Kel... Hoje li no blog, que ela escreve para a família e amigos sobre a sua rotina por lá, um pouquinho sobre a sua experiência com o rugby longe da sua terrinha.


O que os americanos pensam do rugby?
Rafaela Kelly

Essa é uma pergunta bastante intrigante uma vez que estamos falando de uma nação onde o exercício esportivo vem em primeiro lugar em qualquer estação do ano.

Bem, ao meu ver, o rugby parece ser um esporte de "estrangeiro" por aqui, assim como é o Karate, o ping pong e tantos outros que não "nasceram" aqui. Entretanto, de acordo com USA rugby (responsável pelo desenvolvimento do rugby nos EUA) :

  • O esporte vem crescendo 15% anualmente, principalmente entre os jovens;
  • O número de times escolares registrados no USA rugby passa de 500.
Ainda assim o esporte não consegue lotar estádios ou gerar noticia assim como os populares esportes americanos como NFL, MLB e NBA. Muita gente (leigos) vê o rugby como uma cópia grotesca do futebol americano, com frases dos tipo "Você viu aquilo, bárbaros!". Cheguei a perguntar a um jogador de futebol americano se ele já tinha pensado em jogar rugby algum dia e a resposta foi: " Eu sou muito bonito pra jogar rugby".

Será que o rugby pode ganhar seu lugar na terra do tio Sam? Sim, e pra isso só é necessário um bom trabalho de marketing e esclarecimento das vantagens do esporte. Para aqueles que nunca assistiram um jogo de futebol americano, trata-se de um para-comercial-jogo-para-comercial. O jogo é parado a cada momento que há contato e dura em media 3 horas para acabar. Totalmente contrário, o rugby vem com a ideia de continuidade, um tackle não significa que o jogo deve ser parado, tornando o jogo muito mais atrativo.

Nestes 9 meses que de moradia aqui no US, venho praticando rugby, nos ultimos 6 meses, com um time de seniors - pessoas que nao tem nenhuma ligação com escola e/ou faculdade e que por isso não teriam como praticar o esporte uma vez que somente estes lugares oferecem a pratica esportiva. O time chama Exiles e defende o estado de Maryland, onde moro. Uma coisa que aprendi morando aqui nos EUA eh que as estações do ano influenciam tudo e assim também o rugby. No inverno não tem treino (nem tem como com tanta neve), pela primavera começam os primeiros encontros e no verão vem o primeiro campeonato de 7s. No outono começamos a treinar 15 para o campeonato no fim desta estação.

O treino não é diferente do meu time do coração, o Recife Rugby Club. Afinal rugby é uma coisa só. O que notei de diferente e MUITO diferente é a noção de liberdade americana que habita também a prática esportiva. Todos interferem no que diz respeito a jogada, treino, jogos, dinheiro ou encontros. Já presenciei, o que eu acho falta de respeito, muitas garotas interferirem o técnico falar ou ate renegar/modificar uma ordem de treino - mas isso é questão de cultura.


Bem, tivemos nosso último jogo no sábado passado e com isso o rugby 2010 seria encerrado. Porém, uma pernambucana no time se aproveitou da liberdade proporcionada e parece tá mudando um pouco a rotina. O time concordou em continuar treinando até o limite - as tempestades de neve-, na modalidade 7s, seguindo o modelo do RRC :]

Foto: Kel em ação, jogando de centro.

Em fevereiro estarei indo a Las Vegas ver o Nacional de 7s, o maior campeonato de rugby dos EUA. As más linguas dizem que o melhor do rugby americano será visto lá. Mal posso esperar.

Rafaela Kelly


Se você quer contar um pouquinho da sua experiência, basta enviar a sua história e fotos para rugbydecalcinha@gmail.com

2 comentários:

  1. aí..... que legal Rafaela, essas experiências são super legais pra gente e eu não sei de você, mas eu adooooooorooooooo jogar XV.... é muito bom... se divirta por aí...

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  2. Obrigada, eu gostei de XV sim mas prefiro 7s pela configuracao do jogo em si: velocidade, trabalho milimetricamente feito pois soh temos 7 minutos. Admiro os que jogam 15 ainda assim pela capacidade dos jogadores em campo de fazer todo o trabalho pelos 80m de jogo. Parabens

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