No último final de semana a cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, foi sede do I Fórum Sul-americano de Rugby organizado em conjunto pela Federação Gaúcha de Rugby e pelo Centro de Estudos Olímpicos da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O evento contou também com o apoio da Confederação Brasileira de Rugby (CBRu) e do Ministério dos Esportes. Integraram o corpo de palestrantes e coordenadores de debate autoridades e figuras com vasta experiência em diferentes áreas, de diversos países e regiões do Brasil, representantes de instituições e setores de grande peso, como a Secretaria de Alto Rendimento do Ministério dos Esportes e a própria International Rugby Board (IRB).
A intensa programação dos quatro dias de evento (de 27 a 30 de abril) contemplou diversos aspectos pertinentes ao cenário atual do rugby brasileiro e aos desafios que todos nós envolvidos com a modalidade enfrentamos cotidianamente em maior ou menor grau. Todos temos ideia do que precisamos desenvolver e aprimorar na individualidade para melhorar nosso próprio “nível de rugby”: mas será que estamos atentos o suficiente para saber o que podemos e devemos fazer para apoiar o desenvolvimento e crescimento do rugby no Brasil?
Fazer um overview do Fórum poderia muito bem ser um descritivo das palestras e atividades que nele ocorreram, mas talvez o espaço seja agora mais fértil para trazer um pouco daquilo que ficou como reflexão ou provocação em tudo que foi abordado. Desenvolver o rugby, faze-lo crescer, é responsabilidade de todos nós: isso não como um discurso vazio, e sim como um wake-up call de que é fundamental desenvolver a modalidade em todas as suas dimensões, capacitar e valorizar todos os atores envolvidos em todas as esferas e níveis de desenvolvimento do esporte. A quantidade de praticantes e admiradores cresce a cada dia, e a cada dia novos times se formam, e a cada dia mais pessoas se interessam, talvez ainda na inércia do impacto de diversas ações de divulgação bem-sucedidas ou já na expectativa do retorno da modalidade Rugby 7s às Olimpíadas; a questão, então, talvez nem seja mais tanto como fazer o rugby crescer: e sim como faze-lo amadurecer, enriquecer em qualidade e se expandir de forma sustentável.
Oferecer uma diretriz de crescimento, no entanto, não é suficiente. Sem dúvida o trabalho de acompanhamento e investimento no grupo de alto rendimento tem se apresentado como uma alternativa viável de fomentar o desenvolvimento da modalidade: visibilidade internacional e aumento de qualidade do grupo que nos representa internacionalmente chamam a atenção para aquilo que o Brasil vem fazendo no âmbito do rugby. Mas e aqui dentro, e a microesfera dos clubes em sua individualidade? Não é uma questão de falta de paixão, ou falta de trabalho duro, mas talvez uma necessidade de conscientização interna para que se defina se afinal estamos todos mesmo interessados em nadar todos no mesmo sentido. Profissionalizar a prática e a disseminação do esporte implica uma transformação de mentalidade que vai muito além da concessão de vínculo empregatício àqueles que a isso se dedicam, traz a necessidade de um trabalho de reflexão e dedicação a fatores que ultrapassam os limites do treino: como pensar em desenvolver a disseminação do rugby em categorias de base se não damos valor à educação física nas escolas, se não valorizamos o profissional de educação física? Como pensar em criar mais e mais eventos esportivos de rugby se não for ampliado (incentivado, aprimorado, valorizado) o corpo de arbitragem para conduzir as partidas? Como pensar na disseminação ampla do rugby entre todas as categorias se perpetua-se a ideia de que o feminino vem sempre em segundo plano?
Das muitas barreiras que precisam ser vencidas para que o rugby conquiste o seu devido lugar no cenário esportivo brasileiro, talvez seja interessante começar pelo estreitamento de distância que existe entre aqueles considerados responsáveis pela gestão do esporte e aqueles que vivenciam o esporte nos treinos e jogos, estimular o envolvimento de todos não só dentro de campo mas também fora. Compõem uma bela partida de rugby não só os 14 ou 30 jogadores dentro de campo, mas também os árbitros, os treinadores que orquestram o desenvolvimento dos atletas que vão para o campo, os torcedores, os que divulgaram, providenciaram campo, organizaram o evento, aqueles que registram e divulgam os resultados etc. Eventos como o I Fórum Sul-americano de Rugby tem como principal mérito não apenas a consolidação de um corpo competente de palestrantes e oferecimento de boa infra-estrutura para o desenrolar dos cursos, mas principalmente o caráter vanguardista de perceber que sem momentos como esse, sem valorizar a construção conjunta desses caminhos do desenvolvimento, abrimos espaço para o desperdício de oportunidades e para empecilhos ao desenvolvimento pleno de nossos atletas.
A curva ascendente de crescimento do rugby no Brasil e o aumento de nossa importância e visibilidade lá fora vivem um momento ímpar, tendo os Jogos Olímpios do Rio de Janeiro 2016 como norte a todo o aumento de interesse por rugby que se vem observando e, como se diz lá fora, ‘o Gigante despertou’: cabe a nós, todos, não deixar essa oportunidade passar.
A intensa programação dos quatro dias de evento (de 27 a 30 de abril) contemplou diversos aspectos pertinentes ao cenário atual do rugby brasileiro e aos desafios que todos nós envolvidos com a modalidade enfrentamos cotidianamente em maior ou menor grau. Todos temos ideia do que precisamos desenvolver e aprimorar na individualidade para melhorar nosso próprio “nível de rugby”: mas será que estamos atentos o suficiente para saber o que podemos e devemos fazer para apoiar o desenvolvimento e crescimento do rugby no Brasil?
Fazer um overview do Fórum poderia muito bem ser um descritivo das palestras e atividades que nele ocorreram, mas talvez o espaço seja agora mais fértil para trazer um pouco daquilo que ficou como reflexão ou provocação em tudo que foi abordado. Desenvolver o rugby, faze-lo crescer, é responsabilidade de todos nós: isso não como um discurso vazio, e sim como um wake-up call de que é fundamental desenvolver a modalidade em todas as suas dimensões, capacitar e valorizar todos os atores envolvidos em todas as esferas e níveis de desenvolvimento do esporte. A quantidade de praticantes e admiradores cresce a cada dia, e a cada dia novos times se formam, e a cada dia mais pessoas se interessam, talvez ainda na inércia do impacto de diversas ações de divulgação bem-sucedidas ou já na expectativa do retorno da modalidade Rugby 7s às Olimpíadas; a questão, então, talvez nem seja mais tanto como fazer o rugby crescer: e sim como faze-lo amadurecer, enriquecer em qualidade e se expandir de forma sustentável.
Oferecer uma diretriz de crescimento, no entanto, não é suficiente. Sem dúvida o trabalho de acompanhamento e investimento no grupo de alto rendimento tem se apresentado como uma alternativa viável de fomentar o desenvolvimento da modalidade: visibilidade internacional e aumento de qualidade do grupo que nos representa internacionalmente chamam a atenção para aquilo que o Brasil vem fazendo no âmbito do rugby. Mas e aqui dentro, e a microesfera dos clubes em sua individualidade? Não é uma questão de falta de paixão, ou falta de trabalho duro, mas talvez uma necessidade de conscientização interna para que se defina se afinal estamos todos mesmo interessados em nadar todos no mesmo sentido. Profissionalizar a prática e a disseminação do esporte implica uma transformação de mentalidade que vai muito além da concessão de vínculo empregatício àqueles que a isso se dedicam, traz a necessidade de um trabalho de reflexão e dedicação a fatores que ultrapassam os limites do treino: como pensar em desenvolver a disseminação do rugby em categorias de base se não damos valor à educação física nas escolas, se não valorizamos o profissional de educação física? Como pensar em criar mais e mais eventos esportivos de rugby se não for ampliado (incentivado, aprimorado, valorizado) o corpo de arbitragem para conduzir as partidas? Como pensar na disseminação ampla do rugby entre todas as categorias se perpetua-se a ideia de que o feminino vem sempre em segundo plano?
Das muitas barreiras que precisam ser vencidas para que o rugby conquiste o seu devido lugar no cenário esportivo brasileiro, talvez seja interessante começar pelo estreitamento de distância que existe entre aqueles considerados responsáveis pela gestão do esporte e aqueles que vivenciam o esporte nos treinos e jogos, estimular o envolvimento de todos não só dentro de campo mas também fora. Compõem uma bela partida de rugby não só os 14 ou 30 jogadores dentro de campo, mas também os árbitros, os treinadores que orquestram o desenvolvimento dos atletas que vão para o campo, os torcedores, os que divulgaram, providenciaram campo, organizaram o evento, aqueles que registram e divulgam os resultados etc. Eventos como o I Fórum Sul-americano de Rugby tem como principal mérito não apenas a consolidação de um corpo competente de palestrantes e oferecimento de boa infra-estrutura para o desenrolar dos cursos, mas principalmente o caráter vanguardista de perceber que sem momentos como esse, sem valorizar a construção conjunta desses caminhos do desenvolvimento, abrimos espaço para o desperdício de oportunidades e para empecilhos ao desenvolvimento pleno de nossos atletas.
A curva ascendente de crescimento do rugby no Brasil e o aumento de nossa importância e visibilidade lá fora vivem um momento ímpar, tendo os Jogos Olímpios do Rio de Janeiro 2016 como norte a todo o aumento de interesse por rugby que se vem observando e, como se diz lá fora, ‘o Gigante despertou’: cabe a nós, todos, não deixar essa oportunidade passar.
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